sábado, 24 de abril de 2010

O Antagonista


Acho que percebi bem cedo que o personagem mais importante de qualquer história é aquele que antagoniza o protagonista. Mas não trata-se somente de um monstro. O leitor precisa identificar-se com o antagonista mais do que com o protagonista pois nesse ele projeta-se ignorando aquilo que não lhe convém.

Em 1995 nasceu o conceito de Rebbecka. O desenvolvimento foi recheado de plágios, desde as Crônicas Vampiricas de Anne Rice ao Hellblaser do Constantine. Acho que isso é responsável por boa parte da aceitação e assimilação do personagem em outros cenários de outros narradores.

Sucintamente (era a 2ª ediçao do Masquerade) ela foi uma criança nobre de uma familia vassala de um Tzimisce que sucumbiu na guerra com a Casa Tremere. Quando tomada pelo Clã de Vienna não foi atingida pelo vínculo imposto por eles, voltou-se contra seu Senhor e fez-se anátema para o Clã primeiro e para o mundo depois.

Roubei o pacto de Constantine com os Duques Infernais de Hellblaser (icônico foi isso, não?). Nisso me deparei com algo muito explorado (desde O Retrato de Dorian Gray ao menos) mas pouco entendido:

O que pensa alguém que não morre de forma alguma...? O que motivaria alguém assim?

O que poderia motivar você se já possuisse essa garantia...?

Deveras pertubador, não?

Ninguém é malévolo aos próprios olhos. O mal é ordinário. E isso é o mais assustador.

O mal na sua forma mais pura é sombriamente inocente, inconsequente, quase sempre originário do egoísmo. Filho de um individualismo (sempre solidamente justificável) sobrevivente.

O mal essencialmente não é o horror calculado que os nazistas impretaram tão bem. O verdadeiro mal esconde-se sim nas explicações vazias de que tenta racionalizar aquele (ou qualquer outro) terror atroz.

Depois de refletir muito, penso que a escuridão é aquilo primitivo que ainda temos no âmago de todos nossos desejos e, principalmente, nas nossas necessidades básicas.

Gosto de ter como protagonistas monstros justamente por isso. Eles mostram para nós quem é o verdadeiro inimigo. Se alguém não conhece a própria escuridão nunca será capaz de confrontá-la.

Ignorar a escuridão é o primeiro passo para ser abraçado por ela.

Ninguém quer ou irá querer ser um vilão. O mal nasce num pomar de boas intenções.


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